Bastou o conhecido criador da “Turma da Mônica”, MAURICIO DE SOUZA, que está presente na infância de várias gerações de brasileiros, candidatar-se à ABL – Academia Brasileira de Letras para alguém lembrar que o critério para ser imortal é o de o candidato ter produzido literatura, e, segundo alguns, MAURICIO DE SOUZA, não a terá produzido com seus gibis.

Mas ao longo do tempo esse critério – o de o candidato ter produzido literatura, não digo literatura de grande qualidade, senão que apenas literatura -, esse critério foi rigorosamente observado, ou terão alguns candidatos se tornado imortais sem terem feito literatura, ou mesmo qualquer forma de literatura?

O genial escritor maranhense, hoje injustamente esquecido, HUMBERTO DE CAMPOS, que, aliás, foi imortal da ABL, disse em certa ocasião que  bastaria afastar-se do momento em que a Academia foi criada ao tempo de MACHADO DE ASSIS para se constatar como o grau de qualidade dos imortais decrescia de geração a geração, provando o  fato com o percorrer os anais da ABL.

De fato, tivemos imortais que eram e continuam a ser grande escritores, como GUIMARÃES ROSA, JOSÉ LINS DO REGO, sem falar, óbvio, no criador da ABL, MACHADO DE ASSIS. Mas tivemos também imortais que se dedicavam muito mais à vida literária que propriamente à vida da literatura. ATAULFO DE PAIVA é o perfeito exemplo desse tipo de imortal, e haveria muitos outros para recordar aqui.

Pois bem, se o requisito for aplicado ao caso de MAURÍCIO DE SOUZA, para se o preterir à condição de imortal da ABL, sugere-se que se o aplique como um critério geral e impessoal, aos imortais de todos os tempos (se é que é possível falar em tempo quando se está a cuidar da imortalidade), e constataremos que a “Casa dos Quarenta”, de que falava JOSUÉ MONTELLO, em muitas ocasiões não pôde ser mais que uma reunião de três ou quatro verdadeiramente imortais. Os restantes, ora os restantes …

 

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