Para tudo há os saudosistas. Há quem não se conforma em o disco de vinil ter desaparecido. Há também aquele que não aceita que a máquina fotográfica analógica tenha desaparecido. Outros pensam que os tempos eram melhores quando existiam as máquinas datilográficas. E há também entre os advogados os saudosistas, que defendem a ideia, agora transformada em projeto de lei, de que tudo que envolve o processo civil deva ser presencial, incluindo-se aí as audiências, as sessões de julgamento. E sobretudo os despachos com os juízes.
Reclamam esses saudosistas advogados que, com o processo virtual, o contato pessoal desapareceu, e isso é a causa dos grandes males do processo civil atual. Muito frio, distante. A queixa, sem dúvida, é maior entre os advogados de alguns grandes escritórios. Mas por qual razão sentem eles esse distanciamento?
Simples: como os despachos com os juízes agora são virtuais, tudo é gravado, e assim não há mais espaço para os salamaleques, ou seja, para aquilo que antigamente era chamado de “despacho auricular”, em que o advogado comparecia à presença do juiz para falar de tudo, menos do processo.
Os grandes escritórios, dotados de uma estrondosa estrutura, possuem advogados e correspondentes em todos os lugares e os podem encaminhar a qualquer rincão deste país. Já os pequenos escritórios, formados muito deles por um só advogado, não gozam desse privilégio, e o despacho virtual lhes trouxe uma igualdade de armas com os grandes escritórios, no que está, sem dúvida, um ganho considerável em termos da democratização do processo civil.
Como diz CERVANTES: “Seja o passado passado: tome-se outra vereda, e pronto”.