Há um livro interessantíssimo. Já é antigo, publicado em 1979. Chama-se, em português, “Por Detrás da Suprema Corte” (em inglês, no original “The Brethren”). Seus autores, dois jornalistas, um deles já então muito famoso (BOB WOODWARD) revelam os bastidores, negociações e conflitos envolvendo os juízes da Suprema dos Estados Unidos na década de setenta. Um dos episódios é emblemático.
Um juiz está internado e irá receber a visita de dois colegas. Estes, caminhando no corredor do hospital, percebem que NIXON, então presidente dos Estados Unidos, também estava no hospital. NIXON, àquela altura, estava a ser processado na Suprema Corte. Os dois juízes fingiram que não viram o presidente. E a vida seguiu, e NIXON acabou renunciando. Aquele encontro, entenderam os dois precatados juízes, poderia ensejar algum comentário de que haveria alguma relação próxima entre o presidente e os juízes que o deveriam julgar. Preferiram não encontrar NIXON. O desencontro foi providencial.
Mas, desafortunadamente, há juízes que preferem o encontro com réus e advogados dos réus. E não são encontros casuais. É precisamente aí que a Justiça se desencontra com o que lhe é mais caro: a imparcialidade.