Os gênios se parecem, inclusive quanto às infelicidades. RICHARD ZENITH, em sua obra recentemente lançada, “Pessoa – Uma Biografia”, revela-nos que FERNANDO PESSOA, ao completar vinte e um anos, tendo recebido uma vultosa herança deixada por sua avó, tratou de tornar realidade o sonho que tinha de ser editor e proprietário de uma gráfica, criando assim a empresa “Ibis – Typografica e Editora”, imaginando pudesse traduzir e mandar traduzir importantes obras, para as publicar em Portugal, recebendo os grandes lucros dessa atividade. Uma dessas obras seria o livro de MACHADO DE ASSIS, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
O genial BALZAC havia tido a mesma ideia: a de se transformar em editor e dono de gráfica em Paris. Mas tanto ele quanto PESSOA fracassaram nos negócios, contraindo enormes e impagáveis dívidas que os atribulariam por toda a vida.
Dizia TOLSTOI que as famílias felizes parecem-se entre si, enquanto as infelizes são infelizes cada qual à sua maneira. Mas os gênios, como PESSOA e BALZAC, talvez estejam sujeitos a uma outra regra: são infelizes de uma mesma forma.
