Malfadada é a vida de um voto divergente. Submete-se, tanto ele quanto seu autor a um verdadeiro fadário, e quem sabe se não será por isso que se tem tornado cada vez mais raro. As críticas – acerbas críticas vêm de todos os lados, e até de lado algum. De especialistas, e também daqueles que não são especialistas de coisa alguma. Mas o certo é que as críticas chateiam.
Talvez o autor do voto divergente sinta-se como alguém que luta com palavras, como na poesia de DRUMMOND: “Lutar com palavras/ é a luta mais vã. / Entanto lutamos / mal rompe a manhã/ (…)”. Daí o cuidado do autor em colocar palavras em um voto divergente. Para que apenas divirjam.
Mas o que é a divergência? É simplesmente a liberdade de pensar. De pensar diferente. E então o combate surge: “Palavra, palavra/ (digo exasperado),/ se me desafias, aceito o combate”. (DRUMMOND, O Lutador).
