Dizia o cronista OTTO LARA RESENDE que os quadros na parede, algo comum em repartições públicas, estão ali afixados para fazerem lembrar que aquelas pessoas, as retratadas, foram esquecidas. Pode-se dizer o mesmo das medalhas, uma outra espécie de honrarias que afagam os egos públicos. No momento seguinte à solenidade em que essas medalhas são dadas, até mesmo o beneficiado já terá se esquecido de que as recebera.
Mas essas honrarias têm uma outra finalidade, que é a de lembrarem a quem se as concede um favor que dele se espera, de maneira que a medalha funciona quase como o dinheiro, que, segundo MARX, é uma apenas abstração, visto que representa as relações sociais concretas de produção e troca. No caso das medalhas, há também essa abstração, porque o valor não está nelas, e quem as dá, tanto quem as recebe sabem bem disso: o valor está na troca, em uma troca futura.
