Quando todos, situação, oposição, quem está no governo e fora dele, concordam com o texto de uma reforma tributária, é melhor o contribuinte ficar com as barbas de molho. Como escreveu o crítico literário polonês, KAROL IRZIKOWSKI, “Quando mil pessoas dizem a mesma coisa, pode ser a voz de Deus, ou uma grossa besteira”. E como se trata de tributos, é melhor nos preocuparmos com a segunda opção.
Basta com efeito considerarmos que o projeto aprovado não faz qualquer alusão ao imposto sobre grande fortunas, que está previsto no artigo 153, inciso VII, da Constituição de 1988, como se ele não existisse. O projeto não o regulamenta, como poderia fazer, nem o faz extinto, como também era possível fazer.
Entre agradar a uns e desagradar a muitos (poderosos), o relator da reforma faz como aquele antigo político mineiro, que perguntado sobre para qual time torcia, respondeu: “Torço pelo Atlético, embora tenha grande simpatia pelo cruzeiro, pelo América e pelos demais times da capital … Assim como por todos do interior da nossa querida Minas Gerais”, o que, no caso do relator da reforma tributária, corresponderia mais ao menos ao seguinte: “Torço pela aprovação da reforma tributária, para termos uma justiça tributária, mas torço também para que não se leve muito a sério essa ideia”.