O país viu-se ontem contaminado por um sentimento de espanto, tão logo se iniciou a leitura de um voto que, conquanto se pudesse lobrigar não encampasse a posição do relator, foi contrário a ele para ele do que se previa, instalando-se uma nucelar divergência no bojo desse rumoroso julgamento. A opinião pública descobriu que pode existir divergência entre os julgadores, o que até então lhe parecia algo sobrenatural. E especialmente os jornalistas, ficaram eles verdadeiramente pasmos com o descobrirem que um ministro de uma corte suprema pode divergir de outro.

Mas o fato é que a divergência em julgamentos em tribunais judiciários é bastante comum, o que, aliás, reflete uma característica que é imanente ao ser humano, que, quando pode,  aferra-se às suas posições, e as defendem contra tudo e contra todos. Somos naturalmente assim em temas os mais variados, dos mais prosaicos aos mais complexos. Pensar é, por essência, dizer não, e como diz o poeta DANTE MILANO, “Pensar é um ato que põe em dúvida a estrutura de tudo“. Podemos então concluir que, pensar é divergir. E como os juízes pensam, e devem mesmo pensar, divergem.

HEGEL recomendava que, em face de qualquer objeto, adote-se  o método dialético, que ele criara. Segundo esse método, o espírito deve invariavelmente se mover entre dois polos, cuja diferença entre um e outro deve ser desenvolvida efetivamente, até se alcançar a verdade. Para simplificar, poder-se-ia dizer que, para HEGEL, deve-se pensar que uma determinada coisa é, formando seu conceito provisório, para que logo em seguida se crie seu conceito oposto (a negativa da negativa), até que chegue um determinado momento em que o conceito verdadeiro surge e pode ser desenvolvido.

Portanto, a divergência não é senão a aplicação prática no campo do Direito do método dialético de HEGEL, apenas com a particularidade de que essa busca pelo verdadeiro conceito é compartilhada entre os julgadores, os quais,  interpretando cada qual a realidade conforme a veem, trazem-na a mais completa possível, formada pelo que é, pelo que não é, sem excluir o que poderia ser fosse outra a realidade.

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