A literatura, ao menos a boa literatura, pode servir para muito mais coisa do que pode sonhar o escritor. Até mesmo, quem sabe, para demover um pai de sua ideia de querer parar de pagar a pensão a seus filhos.
Uma juíza argentina, deparando-se com uma ação promovida por um pai que pretende a exoneração do pagamento da pensão alimentícia a seus filhos, obrigou-o a ler o conhecido livro “O pequeno príncipe, de ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY, e, depois que finda a leitura, retorne à sua presença para que lhe diga formalmente se quer prosseguir com a ação. A audiência está marcada para o próximo dia 26 de agosto.
Até lá não se sabe qual será a impressão que o pai extrairá da leitura desse famoso livro, não se sabendo também se será essa a sua primeira experiência com ele, ou se se tratará de uma releitura, agora realizada sob uma especial condição.
Também é importante observar que a sugestão da leitura desse livro não foi despretensiosa. A juíza declarou que espera que o pai compreenda, pelas páginas de o “O Pequeno Príncipe”, o que é o sentimento da empatia, e como esse sentimento pode fazer com o que ele, o pai, mude de ideia, desistindo da ação.
Não se pode excluir a possibilidade de que, na nova audiência, sobrevenha a vontade do pai em desistir da ação, mas também não se pode em absoluto excluir que ele, expondo suas condições financeiras, que podem não ser as melhores, espere da magistrada a mesma empatia, para que ela se coloque em sua posição, a de um pai que não consegue pagar a pensão, ainda que o queira. Tudo é possível no mundo da literatura, tanto quanto o é no direito. Aguardemos o próximo capítulo, digo, a próxima audiência.