Em tempos bicudos, em que a pretexto de existir uma necessidade de se estabelecer a regulação das redes sociais, quer-se em realidade impor a censura, há um autor cuja leitura se torna obrigatória: HABERMAS, sim o filósofo alemão, JÜRGEN HABERMAS, nascido em 1929 e cujo primeiro grande livro, “Transformação Estrutural da Esfera Pública”, lançado em 1962, é de fundamental importância para a compreensão do que está por trás da regulação das redes sociais.

Nesse livro, HABERMAS aprofunda as ideias de HANNAH ARENDT, fazendo demonstrar como é imprescindível que se tenha um espaço público em que se possa falar e agir, sem o que não há, nem pode haver Democracia, por faltarem a liberdade e uma efetiva proteção à dignidade humana. HABERMAS examina como o conceito de “esfera pública” se revela fundamental à ideia de democracia moderna, e como, como o tempo, grupos de pressão agiram e agem na proteção dos dados que lhes são altamente sensíveis, fazendo-o por meio de técnicas como a do tecnocratismo, baseado na crença de que os governos, por disporem de informações técnicas, sabem melhor do que a sociedade civil tomar decisões políticas, e que por isso sabem o que é melhor controlar, e como controlar, por exemplo as redes sociais.

Em lugar de um debate livre e com racionalidade, esses grupos de pressão, com o Estado à frente, querem o sigilo, o que somente podem obter pela censura, que é a forma mais  genuína de se impor a alienação, e tanto mais poderosa quanto maior for o sentimento de que não há censura, mas apenas uma forma de controle estatal.

Depois de debelarem o risco de que a imprensa pudesse exercer a sua função de levar à opinião pública as informações e, com isso, alimentar o debate, risco que foi eliminado quando os grupos de pressão se deram conta de que bastariam adquirir o controle dos jornais, rádios e emissoras de televisão, foram esses grupos surpreendidos com a criação das redes sociais, que a princípio lhes pareceu inofensiva, porque não poderiam supor que as redes sociais viriam a fazer o papel que a imprensa tradicional nunca quis, ou não pôde executar.

E como aquela solução – a de se tornarem os proprietários – não poderia ser adotada, porque as redes sociais não possuem proprietários, no que, aliás, está a sua natural forma pública -, utilizam-se esses grupos de pressão da velha tática de se socorrem do Estado e da ideia do tecnocratismo, com o que buscam censurar as redes sociais, a pretexto de que querem apenas impor um controle sobre o que se publica.

Mas há uma enorme distância entre a existência e a realidade, como HEGEL observou em sua “Ciência da Lógica”, porque a existência nos permite apenas ver a superfície das coisas, e como os interessados na defesa dessa existência formam representações por meio das quais querem que tenhamos uma ideia – a ideia deles -, que, contudo, é essencialmente diferente do que forma seu núcleo interior, ideia que esses grupos de pressão querem fazer oculta, que é o objetivo de imporem uma censura às redes sociais, assumindo todo o controle sobre o que é publicado.

 

 

 

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