Poucos sabem, mas depois que instalada a ditadura militar pelo golpe de 1964,  o maior editor brasileiro, ÊNIO SILVEIRA, conseguiu a proeza de publicar no Brasil quatro livros do grande pensador italiano e marxista, ANTONIO GRAMSCI, e isso durante a vigência do temido Ato Institucional de número 5.

Aproveitando-se do fato de que GRAMSCI, se não era à época conhecido de nossos intelectuais, muito menos o poderia ser dos militares, ÊNIO SILVEIRA, utilizou-se da estratégia de modificar o título de um dos livros, escapando assim à censura. Em lugar de o livro chamar-se “O Materialismo Histórico e a Filosofia de Benedetto Croce”, como está no original italiano, título que certamente colocaria sob suspeita da censura a iniciativa da editora Civilização Brasileira, comanda por ÊNIO, o livro recebeu aqui o título de “Concepção Dialética da História”, passando despercebido pelos censores, que certamente não sabiam o que era “dialética”, nem como GRAMSCI revolucionara o conceito de MARX.

E assim é que os livros de GRAMSCI foram publicados no Brasil durante os anos de chumbo, e se a princípio não despertaram o interesse dos intelectuais brasileiros, muitos dos quais presos e exilados, deram início na segunda metade dos anos setenta a uma atração que continua ainda hoje pelo pensamento de GRAMSCI.

 

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