Dentre as obras do genial CAMILO CASTELO BRANCO, “Amor de Perdição” tem recebido do público leitor ao longo dos anos uma considerável estima, inclusive no Brasil,  certamente pelo inolvidável talento de CAMILO, mas também pelo interesse no objeto do romance, que conta o  infeliz e insólito episódio vivenciado pelo próprio CAMILO, preso na Cadeia da Relação, na cidade do Porto, em Portugal, acusado do crime de adultério. “Amor de Perdição”, escrito por CAMILO durante o tempo da prisão, narra a história de seu amor com ANA PLÁCIDO.

E para que ficasse registrada na lembrança de todos, inclusive daqueles que não tiveram ainda o prazer da leitura de “Amor de Perdição, instalou-se em 2012, à frente da Cadeia da Relação do Porto, em que CAMILO estivera preso,  a escultura feita por FRANCISCO SIMÕES e que representa a história de amor que CAMILO tornou eterna.

Pois bem, segundo informa o jornal “Público”, edição de hoje, a presidência da Câmara do Porto, atendendo ao requerimento de alguns conspícuos cidadãos daquela cidade, decidiu pela remoção da estátua, entendendo que ela, a estátua (não o romance de CAMILO) revela  um “desgosto estético”, além de contar com uma “desaprovação moral”. Por meio de uma decisão de apenas dois singelos parágrafos,  a edilidade determinou que se deve “desentulhar” a obra de arte do local que está desde 2012. A propósito, o largo defronte à cadeia chama-se “Amor de Perdição”.

Lembremos que, em 2025, CAMILO completará o bicentenário de seu nascimento, de maneira que a edilidade do Porto não poderia ter escolhido mais azado momento para “homenagear” CAMILO, ao determinar a remoção da estátua que lhe lembra a obra e que está afixada no mesmo local há mais de dez anos. (O que mostra que assim como os grandes romances demoram bastante tempo para serem reconhecidos, o mesmo ocorre com as estátuas …)

CAMILO estivera preso na Cadeia da Relação do Porto por 384 dias, durantes os quais pôde escrever quatro livros, dentre os quais o “Amor de Perdição”, e o não menos consagrado, “Memórias do Cárcere”, e foi exatamente a escrita desses livros que o salvou do suicídio, como ele mesmo registrou em cartas escritas no período da prisão.

Convém lembrar que,  em 16 de março de 1925, quando se completou o primeiro centenário de nascimento de CAMILO, lastimava-se que Portugal não tivesse ainda providenciado um monumento de homenagem a seu grande escritor.

Ao final da vida, em 1890, acometido de uma cegueira cuja origem eram provavelmente as insalubres condições sob as quais fora obrigado a escrever durante o tempo de sua prisão, CAMILO disse: “Sou o cadáver representante de um nome que teve alguma reputação gloriosa neste país durante 40 anos de trabalho”. Estava já a lobrigar o que se poderia fazer de suas obras e de seu nome.

 

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