Um leigo em coisas da Justiça e do Direito encontrou-se casualmente com um jurista  e pudera assim satisfazer a sua curiosidade sobre os arcanos que os juristas guardam a sete chaves.

Indagou o leigo ao jurista: “Qual é o espaço que marca a distância entre a realidade e a lide, e desta em face do processo? Qual é o espaço que existe, ou não existe, entre a realidade e o que a imaginamos dela?  Não está o juiz a presumir esteja a lidar com a realidade no processo,  quando o que nele surge é apenas uma imaginação daquilo que ele pensou fosse a verdade?

O jurista, atônito com essas questões, porque jamais delas cogitara, ficou ainda mais surpreso quando o leigo lhe insinuou algo transcendental: “Se assim é, ou seja, se a realidade não existe no processo, senão que apenas a imaginação que dela se pode fazer, para que afinal serve o processo?

Anotando todas essas questões, o jurista prometeu ao leigo que, tão logo tivesse as respostas, cuidaria explicar-lhe em uma linguagem tão simples quanto clara tudo aquilo, sobre o que a rigor ele jamais havia pensado.

As respostas, o jurista continua a buscá-las, agora não mais no campo do Direito, que ali ele não as encontrou,  mas noutros domínios, como nos da Semiologia por exemplo, o que tornou ainda mais árdua e difícil a tarefa do jurista, porque além daquelas questões que o leigo lhe formulava, ele próprio encontrou outras perguntas para as quais não havia resposta.

Mas uma ciência não progride apenas com as respostas certas, senão que progride muito mais por meio das perguntas certas, para muitas das quais, aliás,  não há respostas certas.

 

 

 

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