Muitos, dentre os economistas, e curiosamente alicerçados em MARX, têm a crença de que a Economia pode tudo, até mesmo mudar o sentido de uma constituição, de maneira que é irrelevante que uma Constituição como a de 1988 tenha criado e estruturado um Estado forte e que deve estar sensivelmente presente em nossa realidade, se a Economia está a dizer o contrário ao que a Constituição possa ter dito.
Assim, ainda que a Constituição de 1988 não tenha limitado o Estado ao papel de um mero espectador entre os conflitos que existem entre empresas, entre empresas e o cidadão, entre os cidadãos, não cabendo ao Estado senão o de evitar que esses conflitos não superem determinados limites (em proteção à boa e velha ordem). Se a Economia diz que assim será, assim deve ser, dizem os economistas, e em especial dentre eles o de formação liberal ou neoliberal.
BAKUNIN havia demonstrado o erro em que MARX incidira, quando comprovou que ainda que a Economia seja realmente forte, que possa ser em muitos casos o fator determinante, isso não exclui o papel e a importância de outros fatores como a sociedade, a política e como o Direito, sob o império do qual, aliás, está a interpretação oficial da Constituição, entendido o termo “oficial” aí no sentido de que cabe ao Poder Judiciário a última palavra sobre o sentido e o alcance das normas constitucionais.
Curioso observa que nem mesmo MILTON FRIEDMAN, um dos mais importantes ideólogos do neoliberalismo tinha tanta crença na ideia de que a Economia poderia, ela própria e sozinha, determinar o rumo da realidade, porque há fatores que também interferem nisso. Como escreveu o economista português, RICARDO PAES MAMEDE, referindo-se aos neoliberais e sua fé na Economia, “Para quem tem muita fé, é assim: o que está errado é sempre a realidade, nunca as suas próprias crenças”.