PROUST quis facilitar a vida de seus leitores e críticos, ao revelar que, em “Em Busca do Tempo Perdido, “não há um fato que não seja fictício, nem uma só personagem real, onde tudo foi inventado por mim segundo as necessidades do que pretendia demonstrar, devo declarar, em louvor de minha terra, que só os parentes milionários de Francisco, renunciando à aposentadoria para auxiliar a sobrinha desamparada, só eles são pessoas verdadeiras, só eles de fato existem”. 

Essa passagem, que está em “O Tempo Redescoberto”, facilitou a tarefa dos leitores e, em especial, dos críticos na investigação sobre o tipo de material de que é que composto o famoso livro de PROUST? Ou terá sido um hábil estratagema de PROUST, para tornar as coisas ainda mais difíceis quanto a se saber se os personagens que aparecem em “Em a Busca do Tempo Perdido” são reais ou não?

O fato é que essa é a única passagem do livro em que PROUST fala diretamente sobre a construção de seus personagens, quando admite que eles, à exceção dos parentes de Francisca, são pura ficção, o que não significa que não existissem na realidade, porque coo boa parte dos especialistas em PROUST reconhece,  alguns personagens são compósitos, no sentido de que foram engendrados por PROUST a partir de seres reais, conquanto pudesse ele ter aproveitado as características de um para, acrescendo às de outros, construir o personagem como ele efetivamente aparece no livro, como teria acontecido,  por exemplo, com o senhor de CHARLUS.

De todo o modo não se pode deixar de levar em conta de que se trata de uma revelação de PROUST.

 

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