Vivemos tempos em que os currículos são mais extensos dos que as obras escritas pelos donos desses mesmos currículos. Em lugar de escreverem-se obras, escrevem-se currículos. Isso vale em especial para muitos dos imortais da nossa Academia Brasileira de Letras – ABL.

Foi o tempo, pois, em que os currículos tinham apenas três linhas, ou até menos que isso, caso, por exemplo, de AFRÂNIO PEIXOTO, eleito em maio de 1910 para uma cadeira na ABL, que assim escreveu em seu currículo: “Estudou e escreveu. Nada mais lhe aconteceu”.

Outro imortal cujo currículo chegou apenas a três linhas, foi OTTO LARA RESENDE, eleito em julho de 1979. Sabendo-se que OTTO, durante o curto espaço de tempo (pouco mais de um ano)  em que tivera sua coluna para o jornal “Folha de São Paulo”, escreveu seiscentos crônicas, além da imensa quantidade de artigos que escrevera para outros jornais, além de suas incontáveis cartas, não causa surpresa que tenha escrito apenas três linhas para seu currículo – não queria perder tempo com o que realmente não importava.

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