“Que um urbano, excedendo o limite legal de suas atribuições, se lembre de pôr em contato a sua espada com as costas do leitor, é fora de dúvida que o leitor bradará contra esse abuso de poder; fará gemer os prelos; mostrará a lei maltratada na sua pessoa. Não menos certo é que, assinado o protesto, irá com a mesma mão acender uma pistola de lágrimas; e se outro urbano vier mostrar-lhe polidamente o edital do chefe, o referido leitor aconselhar-lhe-á que o vá ler a família, que o empregue em cartuchos, que lhe não estafe a paciência. Tal é a nossa concepção de legalidade; um guarda-chuva escasso, que, não dando para cobrir a toda as pessoas, apenas pode cobrir as nossas; noutros termos, um pau de dois bicos”. (MACHADO DE ASSIS, Crônicas).

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