Não vivemos mais a era dos grandes repórteres. Vários fatores contribuíram para que esse personagem desaparecesse de nossos jornais e não vem ao caso aqui analisar tais fatores, dentre os quais não é  de menor peso o que diz respeito à acentuada queda na receita dos periódicos.

De maneira que não temos mais repórteres do nível de um CARMO CHAGAS, de um JOSÉ MARIA MAYRINK e de um LUIZ ADOLFO PINHEIRO, que, a seis mãos, escreveram o delicioso livro, “3×30 Os Bastidores da Imprensa Brasileira”, em que narram o início de sua carreira em jornais mineiros e como construíram uma sólida carreira em grandes jornais paulistas e cariocas, executando tarefas como repórteres, copidesques e editores.

CARMOS CHAGAS, em algumas passagens de seu relato nesse livro, revela como os grandes jornais relacionam-se com o poder e com as eleições, e como os proprietários desses jornais escolhem seus candidatos e criam uma forma de ajudá-los nas páginas de seus jornais, muitas vezes em posição diametralmente oposta à de seus funcionários (repórteres e editores). O leitor fica a saber, pois, que o jornal que  diariamente lê tem seus candidatos favoritos, embora os jornais não queiram que o leitor o perceba.

Mas não é apenas por isso que o livro desses três jornalistas é indispensável. A leitura é tão agradável, escrita em uma linguagem que só os jornalistas mineiros sabem fazer, na melhor escola de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, que ao longo de sua vida escreveu para jornais sua coluna.

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