KELSEN é, no Brasil,  conhecido quase que exclusivamente por seus trabalhos jurídicos, em especial por sua “Teoria Pura do Direito”. Poucos efetivamente  conhecem seus trabalhos de filosofia política e de quão valioso é seu contributo científico à formação do conceito moderno de democracia.

Como filósofo político, KELSEN produziu consistentes ensaios acerca do problema do parlamentarismo e da teoria geral do Estado,  escrevendo também  sobre a teoria comunista do direito. A democracia real foi sempre a sua verdadeira obsessão científica.

Nestes tempos difíceis por que passamos, as lições de KELSEN como filósofo político são-nos indispensáveis, como nesta passagem:

Democracia é a palavra de ordem que, nos séculos XIX e XX, domina quase universalmente os espíritos; mas, exatamente por isso, ela perde, como qualquer palavra de ordem, o sentido que lhe seria próprio. Para acompanhar a moda política, acredita-se dever usar a noção de democracia – da qual se abusou mais do que de qualquer outra noção política – para todas as finalidades possíveis e em todas as possíveis ocasiões, tanto que ela assume os significados mais diversos, muitos deles bastante contrastantes, quando a costumeira improbidade da linguagem político vulgar não a degrada deveras a uma frase convencional que não mais exige sentido determinado”. (“A DEMOCRACIA”, prefácio, p. 25, Martins Fontes, 1993).

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