Em 1880, MACHADO DE ASSIS  publica seu grande livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, iniciando o que a crítica literária denomina de a segunda fase na carreira de nosso maior escritor. Entre “Iaiá Garcia”, que é de 1878, e as “Memórias”, há uma distância tão acentuada em termos de estilo, de enredo, de técnica literária e, sobretudo, de temática que a crítica encontrava de fato dificuldade em compreender o que havia ocorrido com MACHADO, que se modificara tão completamente. Havia, pois, uma grande dificuldade em classificar “Memórias” como um romance.

Em 1882, ou seja, dois anos depois da publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, a mesma dificuldade persistia, e MACHADO, atacado pela crítica, revelava-se aborrecido e desanimado com o fato de a maioria do público não compreender seu último livro, como mostrava a correspondência que mantinha com seu cunhado, o escritor, MIGUEL DE NOVAIS, já então de volta a seu Portugal. NOVAIS escrevera-lhe:

“Parece-me não ter razão para desanimar e bom é que continue a escrever sempre. Que importa que a maioria do público não compreendesse o seu último livro? Há livros que são para todos e outros que são só para alguns. O seu último livro está no segundo caso e sei que foi muito apreciado por quem o compreendeu. Não são, e o amigo sabe-o bem, os livros de mais voga os que têm mais mérito”. 

Ainda hoje, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, embora se tenha transformado em um livro bastante conhecido de nosso público, é pouco lido e menos ainda compreendido. NOVAIS tinha razão ao asseverar que os livros de maior importância não são os mais conhecidos, e nem os mais apreciados pelo público em geral.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here