O genial MACHADO DE ASSIS teve ao longo da vida pouquíssimos inimigos, ao menos aqueles que abertamente se o declarassem como tal. Seus críticos contam-se em reduzido número, que aliás foi diminuindo com o tempo. Mas uma grande mágoa suportou MACHADO quanto soube que SILVIO ROMERO havia escrito um livro simplesmente para o desmerecer como escritor. SILVIO ROMERO, respeitado crítico, era já membro da Academia Brasileira de Letras, presidida por MACHADO, que assim tinha que conviver com seu confrade e declarado inimigo.
Mas andando o tempo essa polêmica foi completamente esquecida, e o mesmo sucedeu a SILVIO e a seu malfadado livro de crítica. O que ficou para a eternidade é MACHADO. Falecido em 1908, suas obras continuam ainda hoje a ser apaixonadamente lidas e consideradas como obras da maior importância de nossa Literatura.
O que faltou a SILVIO ROMERO como crítico foi revelado por MAGALHÃES DE AZEREDO, em correspondência mantida com MACHADO. Escreveu MAGALHÃES, vaticinando com inegável acerto o destino que se daria à obra de SILVIO, e ao próprio crítico:
“Sem negar os serviços de investigação, e reconstrução tradicional que Sílvio Romero tem prestado, eu estou convencido de que as conclusões desse crítico serão recusadas pelos vindouros. Sempre lhe faltou a principal virtude de crítico – a serenidade, sem a qual não há verdadeira lucidez de espírito. O seu temperamento agressivo lhe desvaloriza as apreciações. (…)”. (JOSÚE MONTELLO, O Presidente Machado de Assis, p. 158-159, livraria Martins Editora).