Com a sua habitual lucidez – e mordacidade, escreveu EÇA em seu romance “A Cidade e as Serras”:

(…) E se ao menos essa ilusão da Cidade tornasse feliz a totalidade dos seres que mantém … Mas não! Só uma estreita e reluzente casta goza na Cidade os gozos especiais que ela cria. O resto, a escura, a imensa plebe, só nela sofre, e com sofrimentos especiais que só nela existem! (…) Os séculos rolam; e sempre imutáveis farrapos lhe cobrem o corpo, e sempre debaixo deles, através do longo dia, os homens labutarão e as mulheres chorarão. (…) a tua Civilização reclama insaciavelmente regalos e pompas, que só obterá, nesta amarga desarmonia social, se o Capital der ao trabalho, por cada arquejante esforço, uma migalha ratinhada. Irremediável, é pois, que incessantemente a plebe sirva, a plebe pene! A sua esfalfada miséria é a condição do esplendor sereno da Cidade. (…”). 

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