A professora de Ética da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo, DEISY VENTURA, elaborou um estudo em que cuidou analisar as normas legislativas emanadas do Governo Federal durante a pandemia, mais precisamente as normas editadas a partir de fevereiro do ano passado, além de documentos oficiais produzidos durante o Governo Bolsonaro e levados ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Contas.

Coletados esses dados, a professora analisou-os com o objetivo de compreender como havia sido a ação do Governo Federal e se havia ali alguma espécie de estratégia, evidente ou enviesada, no combate à pandemia. Sua conclusão é no sentido de que o Governo “foi extremamente eficiente na sua estratégia de propagação do vírus”, afirma VENTURA em entrevista ao jornal português, “Público”, edição de hoje.

O estudo identificou um ponto em que essa estratégia começa a operar, depois do que pareceu à partida que a expertise brasileira em controle de epidemias seria utilizada. Segundo a pesquisadora, se em fevereiro do ano passado o SUS  – Sistema Único de Saúde era colocado como órgão público nucelar no combate à pandemia, e os governos estaduais e municipais, compreendendo a magnitude do problema, decretavam medidas de restrição, exatamente a partir daí o Presidente da República começa a defender um clima de normalidade, como se a realidade o fosse, alinhando-se a correntes “negacionistas”, defendendo medicamentos cuja ineficácia revelava-se já então comprovada, e elaborando todo seu discurso a partir de ideias e posições que, segundo a professora, formaram uma espécie de “guia da destruição”, propagadas por uma rede de apoio ao Presidente da República.

Embora sob uma perspectiva acentuadamente jurídica, o estudo identifica estratégias de comunicação do Governo Federal, ensejando um estudo no campo da Semiótica e como a construção de determinados signos (como aqueles defendidos pelas correntes “negacionistas”) produzem importantes efeitos na relação de poder.

Instaurou-se  nesta semana a CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito que apura a responsabilidade governamental no enfrentamento da pandemia, de maneira que o  estudo produzido pela pesquisadora poderá ser utilizado como  fonte de informação aos parlamentares.

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