Nesta semana, completaram-se duzentos anos do nascimento do genial poeta francês, CHARLES BAUDELAIRE, que chegou a estudar Direito em Paris. Em 1857, foi publicada a primeira edição de seu mais famoso livro, “As Flores do Mal”, censurado na época.

Foi BAUDELAIRE quem fez destacar, seja em poesia, seja em prosa,  a vida e os hábitos de uma sociedade urbana, que pôde perceber em razão de um hábito adquirido: o de ser um “flâneur”, palavra francesa que significa o passeante, o ocioso. BALZAC também fora um “flâneur”. (É a comprovação de quão produtivo o ócio pode ser.)

Falemos aqui de um outro famoso livro de BAUDELARE, quiçá mais ajustado aos tempos de pandemia em que vivemos. Falemos, pois, do livro “O spleen de Paris”, de 1869, que é formado por 51 pequenos poemas em prosa (apenas um deles está em verso). BAUDELAIRE justifica o livro em carta a seu amigo, ARSENE HOUSSAYE:

É sobretudo da vida nas grandes cidades, do cruzamento de suas inumeráveis correlações, que nasce esse ideal obsedante. Você mesmo, cargo amigo, por acaso não tentou traduzir em uma canção o grito estridente do vidraceiro, e exprimir em prosa lírica todas as sugestões desoladoras que esse grito envia até as águas-furtadas, escalando a bruma espessa das ruas?”.

Em “O Confiteor do artista”, escreve BAUDELAIRE em prosa:

Que delícia indizível ter o olhar disperso na imensidão do céu e do mar! Solidão, silêncio, inocência incomparável do azul! A vela de uma pequena embarcação que vibra no horizonte, e que pelo seu tamanho diminuto e isolamento imita minha existência irremediável, melodia monótona do marulho; todas essas coisas pensam através de mim, ou eu penso através delas (pois, na desmesura do devaneio, o eu se perde depressa”)”.   

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here