Disse TALLEYRAND que “A palavra foi dada ao homem para disfarçar o próprio pensamento”. Frequentemente, com efeito, as palavras buscam ocultar ou transmudar a realidade, e isso tem a ver em especial com as estratégias do poder, o que explica como o emprego do eufemismo constitui uma linguagem própria da Política.
Se assim é, como interpretar o que a Prefeitura de São Paulo quer dizer quando chama de “hospitais de catástrofe”, o que antes chamava de “hospitais de campanha”? Se é comum o uso eufemístico das palavras no campo da Política, devemos considerar que a palavra “catástrofe” está aí empregada para “suavizar” uma determinada realidade. Mas o que poderíamos usar em lugar da palavra “catástrofe”, para que corresponda à nossa realidade? Simples: “tragédia”.
Portanto, se a Prefeitura quisesse usar uma palavra mais adequada à realidade deveria chamar os hospitais criados para o enfrentamento da pandemia de “hospitais de tragédia”.