Quando a “Gallimard”, por ANDRÉ GIDE, recusou a publicação de “Em Busca do Tempo Perdido”, diziam os críticos que PROUST, como um parasita social, havia escrito apenas sobre o que conhecia, ou seja, sobre um esnobismo social.
Escapou a GIDE, como ele próprio depois viria a reconhecer, a fina observação de PROUST sobre muitos aspectos da vida social, e também com aquilo com que o capitalismo teria um dia que lidar.
Em uma certa passagem que se encontra em “À sombra das raparigas em flor”, PROUST descreve o ambiente que encontrara em um hotel em “Balbec”, no qual os hóspedes, a fina flor da sociedade econômica, jantavam em uma espécie de “aquário”, protegidos por uma parede de vidro da população pobre, que apenas os assistia por meio dessa parede. PROUST, no início do século XX, chama a atenção para essa “grande questão social”. Eis a passagem:
“(uma grande questão social, saber se a parede de vidro protegerá sempre o festim dos animais maravilhosos e se a gente obscura que olha avidamente de dentro da noite não virá colhê-los em seu aquário e devorá-los)”.
E.T: PROUST não era socialista, não era marxista, economista. Era apenas um atento observador da sociedade.