A professora de História da Medicina e pesquisadora, CELIA MIRALLES BUIL, concedeu entrevista ao jornal português, “Público”, entrevista que deve despertar nosso interesse dada a semelhança do que está a suceder em diversos países da Europa ocidental em decorrência da pandemia e no Brasil.  Reproduzo alguns trechos dessa entrevista:

O Regulamento Sanitário Internacional, o mais atual é o de 2005, nas suas primeiras linhas diz que o objetivo é proteger a saúde respeitando o comércio”.

Na época medieval, as pessoas que tinham dinheiro podiam sair da cidade, mas quem não tinha, ficava na cidade para morrer, como aconteceu em Paris no primeiro confinamento em França. E a diferença de mortalidade entre as classes sociais sempre foi impressionante”.

A proteção da saúde é sempre uma boa razão porque faz o controle social parecer legítimo”. 


Sabe-se, assim, pela lição da história, o motivo de os governos, do Brasil e de outros países, mitigarem medidas necessárias ao controle da “Covid”, as quais cedem passo à economia.

Outro aspecto acentuadamente relevante diz respeito aos históricos efeitos e consequências da luta de classes, que MARX identificara como categoria teórica fundamental. Também em uma pandemia essa categoria está presente, como  claramente percebemos. (A propósito, jornais brasileiros divulgaram notícia de que o STF requisitou à Fiocruz a separação de um lote de vacinas destinado aos ministros daquela corte e funcionários, inclusive do CNJ.)

Por fim, enfatiza a historiadora um ponto: o de que as pandemias, como comprova a história, não causam um mudança total em setores da sociedade, mas produzem sempre uma aceleração do que já havia. É o que a pandemia pelo “Covid” nos tem revelado, como se dá com a importância que agora, no Brasil, a classe política deu ao SUS – Sistema Único de Saúde. Assim também com a adoção, por diversos setores, do trabalho à distância, e ainda com as consultas médicas por programas de computador, antes rejeitadas por diversos órgãos da classe dos médicos.

(Mas em contrapartida os protestos sociais tendem a enfraquecer durante uma pandemia.)

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