Entre os biógrafos e estudiosos da obra de MACHADO DE ASSIS, há quem afirme que o autor de “As Memórias Póstumas de Braz Cubas” esteve sempre atento às grandes causas de seu tempo, como defende RAIMUNDO MAGALHÃES JUNIOR. Outros, como LÚCIA MIGUEL PEREIRA, o veem sem esse perfil político, quase que um desinteressado da realidade política subjacente.

OTTO MARIA CARPEAUX, a respeito desse tema, escreveu um interessante ensaio (“Machado e outros cariocas”), em que reconhece razão a RAIMUNDO MAGALHÃES JUNIOR, tanto quanto a reconhece em favor de LÚCIA MIGUEL PEREIRA:

“(…) Machado pode ter sido isto e aquilo ao mesmo tempo. O interesse pela vida pública e seus problemas não é sinônimo de partidarismo. ‘Defender causa’, permanente e ainda por cima ardorosamente, é profissão do advogado, dever do polemista e direito da juventude e de quem nunca passou a amadurecer. Machado de Assis não defendeu causas; pelos menos deixou de fazê-lo depois de ter amadurecido como escritor. Desde então, limitou-se a focalizar os reflexos da política no comportamento humano. (…)”.

De fato, se percorrermos os trabalhos em jornal produzidos por MACHADO ao tempo de sua juventude, encontraremos um profissional da pena diretamente envolvido em importantes questões políticas de seu tempo. Mas se formos a seus romances, começando com “Ressureição” que é de 1872, produzidos todos quando MACHADO já havia conquistado uma segurança e reconhecimento como escritor, constataremos que aquela veia política desaparece, entrando em seu lugar o que OTTO MARIA CARPEAUX identificou, no sentido de que MACHADO passou a utilizar da política quase que como um epifenômeno sobre a vida de seus personagens.

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