Conforme havíamos anunciado, cuidaremos em breve do que ocorreu no segundo grande julgamento na história do STF, que versou sobre a instituição do júri. Mas já que falamos de MONTELLO e do mosaico que engenhosamente construiu em seu romance “Os Tambores de São Luís”, ali houve espaço para que MONTELLO também tratasse do júri como instituição. Note que ele está a falar do júri ainda na fase do império, mas o STF vai analisar a instituição do júri em um momento histórico próximo daquele, pois que a república acabava de ser criada, e com ela o próprio STF.

MONTELLO, com mão de mestre, descreve em “os Tambores de São Luís” o que ocorreu no júri a que foi conduzida uma rica e poderosa senhora da sociedade maranhense, acusada de matar seu escravo, depois de seviciá-lo. O promotor consegue que o Tribunal da Relação pronunciasse a ré, depois de o juiz local a ter absolvido sumariamente. Mas o júri absolve por unanimidade a ré, a despeito das inúmeras e consistentes provas. E é exatamente sobre esse ponto que MONTELLO, pela voz do promotor, retrata o que o júri era até ali, no império:

“(…) Estou preparando o recurso para o Tribunal da Relação. (…) nossa legislação é democrática; o júri, não: o júri é aristocrático, refletindo a nossa elite social e deixando-se influir por ela. Com a lei, pude prender Dona Ana Rosa, e propus a pena que ela merecia. No júri, corríamos o risco de perder, e perdemos: a elite, de que faz parte Dona Ana Rosa, influiu nos jurados. Talvez o resultado fosse outro, se houvesse negros ou mestiços no Conselho de Sentença. Com o tempo, chegaremos lá”. 

 

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