Os difíceis tempos pelo quais passamos durante a pandemia serviram ao menos para uma boa coisa: mostrou-nos que ainda temos autoridades e que elas continuam a exercer, vigilantemente, seu poder, doa a quem doer. Foram vários os episódios que confirmam esse  alvissareiro fato.

Abordados por não usarem em locais públicos máscara de proteção, autoridades dos mais diversos níveis e dos três Poderes não  perderam a oportunidade  de mostrarem que, em quaisquer circunstâncias,  o poder está presente,  que deve ser exercitado – ainda que contra a lei e contra qualquer vírus. Afinal, uma autoridade é sempre uma autoridade.

Tínhamos imaginado que, durante o isolamento social, as autoridades, a exemplo dos demais mortais, ficariam em suas casas, aguardando até que pudessem voltar à sua gloriosa labuta,  legislando, administrando e julgando. Perplexos, soubemos que além de não se isolarem, as autoridades ainda fazem questão de se exibirem em público, e sem máscaras, para que possam ser reconhecidas como tal, ou seja, como autoridades.

De fato, como poderíamos reconhecer uma autoridade se ela está com máscara? É por isso que a autoridade não poderia perguntar ao fiscal que o interpelasse por não usar a máscara: “Você sabe com que está falando?”. Convenhamos que o fiscal não poderia responder, se a autoridade estivesse a usar a máscara.

Agora podemos permanecer em casa por mais algum tempo, com a segurança  de que as autoridades estão visíveis e a zelar por nós.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here