“Nas paisagens de Combray e Balbec predomina o espírito poético; no ambiente dos salões, o espírito crítico. Não exageremos, porém, as comparações. Num romance, a paisagem, resultante de um processo descritivo, vale muito menos do que o ambiente social, resultante de uma operação psicológica e sociológica. E o salão é a ambiência das personagens principais de Proust, excetuadas algumas cenas em casa da família do Narrador e ao ar livre em Balbec, ou, por outro lado, as do terrível bas-fond, do qual é uma típica representação a casa de Jupien.

(…)

Marcel Proust foi o primeiro a reconstituir o ambiente dos salões visto por dentro; foi o primeiro a tratar de um assunto de aparência fútil com profundidade e de um meio realmente frívolo com seriedade. Operação de espírito a que Tristão de Athayde chamou uma metafrívola”. (ÁLVARO LINS, A Técnica do Romance em Marcel Proust).

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