“De maneira geral, o escritor é mau jornalista, pois da missão do primeiro faz parte, antes de mais nada, exprimir uma visão do mundo pessoal e diferente, e elaborar uma obra onde o leitor possa um dia vir a encontrar aquilo que debalde procurou em si mesmo – um sentido para a sua própria experiência interior; enquanto que a missão do segundo é toda reflexa. O jornalista ‘pensa’ consoante as conveniências do seu público e, até mesmo quando se dá a ilusão de orientar este, é por ele que, em verdade, é orientado, pois aquilo que se chama ‘opinião pública’ constitui um fluido subtilíssimo que se insinua, não se sabe como nem porquê, nas próprias opiniões particulares daqueles que imaginam dirigi-la”. (JOÃO GASPAR SIMÕES, Vida e Obra de Fernando Pessoa – História de uma Geração, 2o. volume, Livraria Bertrand).