Não se sabe a razão, mas o fato é que os norte-americanos não deram qualquer importância a um texto que SUSAN SONTAG escreveu em 1990, quando a genial ensaísta e crítica literária falou da feliz descoberta que ela tivera ao ler pela primeira vez, em inglês,  MACHADO DE ASSIS e suas “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, traduzido então por “Epitaph of a small winer”, (“Epitáfio de um pequeno vencedor”), o que a SUSAN SONTAG pareceu um título despropositado. O fato é que o delicioso texto da autora de  “Diante da Dor dos Outros”, conquanto comparável em termos de qualidade ao que de melhor havia escrito os nossos maiores especialistas em MACHADO, como AUGUSTO MEYER, LÚCIA MIGUEL PEREIRA, ASTROJILDO PEREIRA, não teve nenhuma repercussão, e MACHADO continuou desconhecido do público norte-americano, malgrado o prestígio de SUSAN SONTAG como crítica literária.

Para que o leitor brasileiro constate a profundidade de análise de SUSAN SONTAG sobre o que escreveu em seu ensaio “Vidas póstumas: o caso de Machado de Assis”, vai aqui um pequeno trecho, lembrando ao leitor que ele poderá ler esse ensaio e outros no livro que a Companhia das Letras publicou em 2001, sob o título “Questão de Ênfase”:

“(…) escrever de além-túmulo não livrou esse narrador da necessidade de mostrar uma dose ostentosa de preocupação com a recepção da sua obra. Sua ansiedade debochada está corporificada na própria forma, na distinta velocidade do livro. Está na maneira como a narrativa é cortada e arma, seus ritmos intermitentes (…)”. 

Mas como dizia MACHADO, “Tudo são mistérios indecifráveis (…). Os fatos e os tempos ligam-se por fios invisíveis”. Verdade que se comprova pelo fato de que, passados trinta e quatro ano daquele texto de SUSAN SONTAG, não uma crítica literária, mas uma “booktoker” (que vem a ser o nome dado àqueles que usam de uma determinada rede social para criarem algo que pode ter um conteúdo literário), COURTNEY HENNING NOVAK, fez uma pequena nota, publicando-a nas redes sociais, para descrever o que a leitura de “The Posthumous Memoris of Brás Cubas” (esse é o novo título, e melhor, dado em inglês ao livro) causara-lhe:

Tenho problemas com esse livro. Primeiro, a minha edição só tem 300 páginas. Só faltam cem páginas para eu ler, e seu eu for muito cuidadosa elas vão durar até o fim de semana. E aí? O que eu deveria fazer com o resto de minha vida”.

Pois bem, essa pequena nota fez o que SONTAG com todo seu gênio infelizmente não conseguira fazer: despertar a atenção do leitor norte-americano para nosso MACHADO DE ASSIS. E não é o que “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, ou melhor “The Posthumous Memoirs of Brás Cubas” está agora a ocupar a lista dos mais vendidos pela Amazon, dentre os livros da categoria ficção latino-americana e caribenha, superando até mesmo o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, o famoso colombiano, GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ.

 

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