Faz bem o senhor Presidente de República decidir passar em branco qualquer alusão ao sexagésimo aniversário de 31 de março. Para além de evitar qualquer desgaste com as Forças Armadas, essa decisão é sensata por outra razão.

De que golpe, ou melhor de golpes se estaria a tratar? O de 31 de março, ou daqueloutros que lhe sucederam e que aliás renderam assunto para que o jornalista CARLOS CHAGAS escrevesse um minucioso livro, cujo título é emblemático: “A Ditadura Militar e os Golpes dentro do Golpe – 1964-1969”, de que já escrevemos aqui.

Pois que não há historiador consciencioso que possa negar o fato de que houve um outro golpe em 1969, quando do afastamento por grave problema de saúde do presidente, COSTA E SILVA, substituído por uma junta militar, e não como seria de ocorrer, por seu vice-presidente, PEDRO ALEIXO.

É certo que se pode discutir, seja no campo da ciência política, filosofia ou no campo do direito sobre o que caracteriza um golpe, e conforme o conceito que se adote pode acontecer de termos de reconhecer que teriam ocorrido em nossa história outros golpes, além do de 31 de março de 1964 e de 1969.

O tema certamente surgirá no contexto das discussões que se travam agora sobre as circunstâncias que envolveram os episódios de 2023.

 

 

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