Em breve, teremos  o privilégio de contarmos com uma exposição formada por fotografias, manuscritos originais, objetos pessoais, cartas e edições raras dos livros de MACHADO DE ASSIS. A Fundação Itaú Cultural deu o nome de “Ocupação Machado de Assis” à exposição que se inicia no dia 18 de novembro e que prosseguirá até o dia 4 de fevereiro de 2024. O local, Avenida Paulista, 149.

(E ao ensejo dessa exposição, a mesma Fundação, em parceria com a editora Todavia, lançará a coleção completa dos livros de MACHADO, com vinte e seis volumes.)

Esse grande evento deu azo a que o jornal “Folha de São Paulo”, em sua edição de 5 de novembro p.p., publicasse um ensaio escrito por MARCO RODRIGO ALMEIDA,  editor-adjunto do caderno “Ilustríssima”. Em um longo texto, ALMEIDA refere-se às principais obras de MACHADO e às fases pelas quais passou, baseando-se em informações que lhe foram supeditadas diretamente por HÉLIO DE SEIXAS GUIMARÃES, que vem a ser um dos organizadores da novel coleção.

Conquanto o ensaio escrito por ALMEIDA seja rico em detalhes, escapou-lhe algumas preciosas informações, como, por exemplo, o de ter sido AUGUSTO MEYER (1901-1970), importante ensaísta brasileiro, imortal da Academia Brasileira de Letras, quem deu a MACHADO a denominação de “o Poeta Eclesiastes”, referindo-se ao pessimismo do autor de “Memorial de Aires”. Profundo conhecedor de todo o material produzido por MACHADO, seus livros, poesias e crônicas, MEYER produziu ensaios depois reunidos em seu livro “Machado de Assis”, e foi esse detalhado estudo que lhe permitiu identificar que o pessimismo de MACHADO tivera uma raiz central ao tempo em que MACHADO, depois de um episódio mais grave de sua epilepsia, fora obrigado a uma vilegiatura em uma cidade do interior fluminense, quando para ali se mudara trazendo consigo apenas um livro, conforme recomendação de seu médico. O livro, “Eclesiastes”, que, assim, despertara inicialmente algumas  “rabugens de pessimismo”, e depois um arraigado pessimismo, como observou JOSUÉ MONTELLO.

Haveria ainda por se referir à indispensável biografia de MACHADO escrita por LÚCIA MIGUEL PEREIRA, como também às observações de AGRIPINO GRIECO, outro autor de que MARCO RODRIGO ALMEIDA se esqueceu.

Não se olvida do mérito do livro de ROBERTO SCHWARZ, “Ao Vencedor as Batatas”, citado por ALMEIDA como fonte de suas pesquisas, mas não se pode comparar a qualidade desse livro com o que escreveu AUGUSTO MEYER sobre “MACHADO DE ASSIS”. Um ensaio acadêmico, mesmo o que se escreve para jornal, deve primar por trazer ao leitor as informações mais indispensáveis para a sua formação.

Para concluir, como falamos de Eclesiastes, recordemos do que escreveu MACHADO em crônica para “A Semana”, revelando como considerava importante esse livro da Bíblia, “seu manual de sabedoria”:

Onde  há muitos bens, há muitos que os comam’, diz o Eclesiastes, e eu não quero outro manual de sabedoria. Quando me afligirem os passos da vida, vou-me a esse velho livro para saber que tudo é vaidade. Quando ficar de boca aberta diante de um fato extraordinário, vou-me ainda a ele, para saber que nada é novo debaixo do sol”. 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here