Considerado como um “escritor menor de textos grandes”, o mineiro FERNANDO SABINO teria completado hoje cem anos de idade, e  certamente teria  um “encontro marcado” com o leitor para lhe descortinar que seus romances agradam e continuam agradando exatamente porque não são densos, mas isso apenas na aparência, como, aliás, é hábito bastante mineiro, o de se utilizar da tocaia, pegando, no caso de SABINO, o leitor no pulo: quando ele se dá conta, já leu o livro inteiro.   Como observa outro mineiro,  grande cronista e amigo de SABINO, OTTO LARA RESENDE, “A grande contribuição de Minas Gerais para a cultura universal é a tocaia. A tocaia é uma homenagem à vítima. Ela morre sem aviso prévio, delicadamente  e, se possível, desconhecendo o autor da cilada”. 

E já que falamos em “encontro”, disse FERNANDO SABINO em 1987, quando tinha sessenta e três anos de idade: “Se me encontrasse hoje na rua com o jovem que eu fui, ambos sairíamos correndo um do outro”.

É verdadeiramente no campo das crônicas, que às vezes formam um saboroso livro, como “Gente”, que o leitor tem um eterno encontro marcado com SABINO, e poderá descobrir quão profundo esse mineiro, contador de estórias, de fato e de direito é, como pode constatar, por exemplo, pela leitura de “O Poeta e Câmera Indiscreta”, em que fala de suas relações com DRUMMOND durante o documentário que dedicou a esse grande poeta mineiro. Sim, SABINO também se aventurou pelo cinema.

Há, portanto, inteira razão no que observa HENRIQUE BALBI em artigo dedicado ao centenário de nascimento de SABINO, publicado na edição de hoje de “O Globo”, quando afirma que SABINO não é um escritor menor de textos grandes, mas um grande escritor de textos menores.

 

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