Em visita ao Brasil, o escritor russo, VÍKTOR EROFÉIEV, diz ter tido impressões positivas de um país bonito e de pessoas bonitas, referindo-se, por óbvio, à questão estética. Mas ao mesmo tempo em que recebia essas impressões, deu-se conta de que, ao lado dessas belas paisagens, havia favelas e uma intensa pobreza, o que fez com que refletisse sobre um interessante fenômeno que parece ocorrer no Brasil, porque, na teoria, é impossível que em um país no qual exista uma enorme diferença entre ricos e pobres possa haver uma democracia. Diz EROFÉIEV que apenas em países totalitários (e não democráticos) é possível encontrar uma desigualdade social tão acentuada como a que ocorre no Brasil.

Mas o Brasil seria  mesmo uma exceção teórica que mereceria um estudo dos cientistas políticos e filósofos, ou nós é que, por estarmos muito perto,  não podemos ver o básico, ou seja, de que não não há aqui democracia real, senão uma democracia que existe apenas na superficialidade, considerando que isso é de interesse do mercado, cuja sobrevivência depende em larguíssima escala da sensação de ordem?

Em que medida o Direito com suas artificialidades constrói ou ao menos ajuda a manter presente essa democracia puramente simbólica?

São questões que  a entrevista de VÍCTOR EROFÉIEV, publicada na edição de hoje do jornal “Valor Econômico”, provoca.

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