A intensa campanha desencadeada no Brasil contra a liberdade das redes sociais busca conduzir a opinião pública a aceitar como verdade o fato de que a mentira, ou as “fake news” começou apenas com a “Internet”, e que por isso é necessário impor um rigoroso controle sobre o que se pode ou não se pode publicar nas redes sociais.
Vamos à História, que ela própria está repleta de mentiras e de seu uso como instrumento de manipulação do poder.
Por volta de 1920, publicou-se inicialmente em inglês e depois em francês um livro com o título “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, que reproduzia o que se afirmava serem as atas de uma reunião secreta entre líderes judeus discutindo estratégias destinadas a dominar o mundo. Esse livro havia sido inicialmente distribuído na Rússia e atravessou o mundo para, logo traduzido ao inglês, ser fartamente utilizado nos Estados Unidos por HENRY FORD e também por ninguém menos que HITLER. Ambos diziam que o livro provava como os judeus eram perigosos. E ambos sabiam que o conteúdo do livro era todo falso. Falsidade, aliás, que logo se tornou comprovada, o que, contudo, não impediu que o poder dela tivesse feito uso.
Suponhamos que, comprovada a falsidade daquele específico livro, os governos quisessem censurar o livro como se fosse uma fonte de propagação de mentiras. Felizmente o livro permaneceu livre, malgrado alguns, como o próprio HITLER, tivessem querido fazer extinguir o livro, ou eliminar ao menos alguns autores, como THOMAS MANN por exemplo.
Esse episódio nos deve levar a refletir sobre a censura que se quer impor às redes sociais, como se elas tivessem inventado a mentira.
Importante lembrar que tanto quanto a mentira é um instrumento de poder, a censura também o é.