O professor de economia, J. BRADFORD DELONG, escreveu um interessante ensaio que está publicado na edição de hoje do jornal “Valor Econômico”, em que analisa a edição mais recente da revista “The Economist”, cuja capa tem o título: “Riding High – The lessons of America’s astonishing economy” (“Voando Alto – As lições de uma economia surpreendente”).

Diz o professor e historiador de Economia DELONG que, malgrado não tenham produzido bons resultados os quarenta anos de uma desregulamentação, de uma financeirização e de uma globalização, ao menos em um lugar o neoliberalismo continua firme e forte: nas páginas da “The Economist”. Para comprovar o que alega, o professor DELONG reproduz um trecho que forma o editorial da influente revista: “Quanto mais os americanos pensam que sua economia é um problema que precisa ser consertado, mais provável é que seus políticos estraguem os próximos 30 anos”. 

A revista começa seu editorial, afirmando com ênfase: “Se há uma coisa na qual os americanos que não estão na política podem concordar é que a economia está quebrada”. Mas logo a seguir a revista não trata senão de elogiar o mercado (“O mercado dá, o mercado tira: abençoado seja o nome do mercado”), para concluir com algo que, isto sim, deixou atônito o professor DELONG, por ter a “The Economist” afirmado em seu editorial, a título de conclusão, que a prosperidade dos Estados Unidos deveu-se exclusivamente à sua adoração por um capitalismo laissez-faire.

A ideia dos neoliberais é precisamente essa: que não deve haver nenhuma regulamentação legal que possa incidir sobre o mercado, e que o Estado deve se tornar  um mero espectador de algo como uma peça de teatro, em que não lhe caiba senão que assistir àquilo que os atores (os agentes do mercado) fazem ou deixam de fazer. Regimes protecionistas, afirma a revista, não contribuem para a prosperidade econômica.

Mas de que prosperidade econômica estamos a falar? Quais são as pessoas que se beneficiam do neoliberalismo? Não há dúvida de que, para os neoliberais, o que interessa é apenas a ideia de que exista lucro e de que alguém ganhe com ele, ainda que seja um diminuto número de pessoas que dele se beneficiem. Tudo está bem quando a economia vai bem, pensam os neoliberais, que não colocam os pobres em suas estatísticas, porque, afinal, a Economia não é um assunto que lhes interesse.

Mas na prática a teoria é outra. Com efeito,  os Estados Unidos estão a perceber como o grau de pobreza, quando atinge um determinado limite, coloca em risco não um certo modelo econômico, senão que a mantença da ordem e do próprio Estado, solapando o conceito de democracia.

A edição da revista “The Economist”, de que trata o professor DELONG em seu ensaio, não tem uma só nota para tratar do Brasil. Quiçá se o editorialista tivesse pensado no neoliberalismo que se tenta a todo tempo implantar aqui, e os nefastos resultados produzidos, e pensaria melhor antes de concluir com tamanha segurança que o neoliberalismo é a chave para resolver todos os problemas.

 

 

 

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