Publicamos aqui, há alguns dias, um artigo em que defendemos a mantença do modelo do trabalho virtual (o home office) no Poder Judiciário, quer por razões de eficiência, quer por ter instalado um saudável e necessário equilíbrio de forças entre os advogados.

O conceituado jornal britânico, FINANCIAL TIMES, publicou recentemente um artigo escrito pelo jornalista TIM HARFORD, em que ele observa como a iniciativa privada adotou de modo consistente o home office depois que os riscos maiores da pandemia desapareceram. Ele comprova com números, ao dizer que, em janeiro de 2022, ou seja após a vacinação em massa, boa parte dos trabalhadores ingleses continuava a trabalhar em casa, e esse número estabilizou-se em um percentual que permite a conclusão de que essa forma de trabalho à distância veio para ficar: “(…) essa mudança permanente é o fato de ter sido uma mudança que vivemos juntos. Isso muda a dinâmica social, tira o estigma daqueles que optam por trabalhar daqueles que optam por trabalhar alguns ou todos os dias em casa. Também reduz os benefícios do deslocar-se ao trabalho (…)”.

O trabalho no Poder Judiciário não pode ser considerado como um trabalho tão específico que seria de todo inadequado ao regime do home office. Ao contrário: suas características tornam-no muito ajustado a esse tipo de trabalho, sobretudo agora que se adotou massivamente o processo digital, em que todos os atos ocorrem no mundo virtual, não havendo sentido lógico em se exigir a presença física dos juízes e dos servidores. Essa paradoxal situação me faz lembrar uma curiosa decisão de há alguns anos atrás, quando se manteve a supressão do cargo de cobrador de ônibus em razão de se ter adotado o bilhete eletrônico. Um tribunal, conquanto reconhecesse que não era mais necessário o cobrador do ônibus, garantiu aos cobradores a mantença do emprego, ainda que para que ficassem simbolicamente no interior do ônibus, vendo os passageiros depositarem o bilhete virtual.

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