Comemorando os 120 anos de nascimento de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, o jornal “O Globo”, edição de hoje, fala de como o poeta mineiro tornou-se o cronista do Rio de Janeiro: “Costumo dizer que Drummond foi um poeta essencialmente mineiro, mas como cronista era, sem dúvida, carioca. A relação dele com a cidade é profunda e fortíssima. É impressionante como ele consegue falar do Rio de Janeiro de uma maneira crítica e ao mesmo tempo amorosa, apaixonada”, observa o jornalista e escritor, EDMILSON CAMINHA.
Mas se deve considerar que não é apenas no terreno da crônica que DRUMMOND escreveu sobre o Rio de Janeiro, cidade em que ele morou desde 1934 e até seu falecimento em 1987. Em sua fortuna poética, o Rio de Janeiro também mereceu importante destaque, quase no mesmo nível de sua Minas Gerais.
A matéria de o “Globo” lembra de alguns poemas de DRUMMOND sobre o Rio de Janeiro, mas dentre eles não menciona aquele que me parece seja o mais representativo de como DRUMMOND via o Rio de Janeiro. Está no poema “Rio em Flor de Janeiro”, que compõe o livro “Amar se Aprende Amando”, como a revelar, pelo título desse livro, como DRUMMOND com o tempo apaixonou-se pela Cidade Maravilhosa:
“A gente passa, a gente olha, a gente para
e se extasia.
Que aconteceu com esta cidade
da noite para o dia?
O Rio de Janeiro virou flor
nas praças, nos jardins dos edifícios,
no Parque do Flamengo nem se fala:
é flor é flor é flor,
uma soberba flor por sobre todas,
e a ele rendo meu tributo apaixonado
(…)”.