As redes sociais estão a produzir no Brasil dois interessantíssimos fenômenos. O primeiro diz respeito às eleições.

Com efeito, instalamos um sistema algo semelhante ao do instituto do “recall”, no qual a lei reconhece aos eleitores o poder de revogar o mandado que concederam a um político, quando a sua atuação não corresponde ao que havia prometido a seus eleitores. Trata-se, pois, de uma espécie de reavaliação a que os candidatos eleitos estão submetidos durante o exercício do mandato, uma fiscalização que é feita pelos eleitores. Pois bem, contamos agora com um “recall” e que não havíamos nos dado conta que o havíamos criado.

Uma deputada e candidata à reeleição foi pelas rede sociais instalada a esclarecer um voto que dera em um projeto de lei, o que significa dizer que os eleitores estão fiscalizando de perto o exercício do mandato, e no momento em que ocorrerem as eleições é que têm o poder de cobrar os candidatos que elegeram, exigindo-lhes satisfação sobre o que fizeram do mandato.

Um segundo fenômeno não menos interessante do que o “recall” está na fiscalização sobre os gastos do dinheiro público com cachês pagos a conhecidos artistas. Instalou-se nas redes sociais um verdadeiro “tribunal de contas”, em que se divulgam os gastos de diversos municípios com shows de artistas e se faz uma comparação não apenas com o que esses mesmos artistas cobram em shows que não são contratados pelo Poder Público, mas uma comparação que é feita sobretudo em relação ao que os municípios gastam com saúde e educação. É e é sempre foi uma fiscalização que a Constituição de 1988 impõe a dois órgãos: ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, que contam agora com inúmeros fiscais, quase uma repetição da época em que tivemos os “fiscais do Sarney”, na época do congelamento de preços.

E se considerarmos que as redes sociais estão ainda na fase de aperfeiçoamento técnico, o que se poderá esperar quando tivermos uma “Internet” mais rápida e de acesso a toda a população brasileira. Que resultados não serão obtidos em termos de fiscalização pública?

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