Indispensável a leitura de entrevista publicada na edição de hoje do jornal espanhol “El País”, com um dos epidemiologistas mais importantes do mundo,  o inglês, WILLIAM HANAGE, que é codiretor de um centro de pesquisa junto à Universidade de Harvard. Indagado sobre o momento em que a pandemia acabará, ele respondeu:

As pandemias não têm um fim oficial, com alguém fazendo repicar as campainhas, fogos de artifícios e todos gritando hurra, em conjunto: ‘Bom, pois já está, acabou, volta a vida normal’. Não funciona assim. O que ocorre é que há sucessivas ondas da enfermidade que às vezes podem ser bastante danosas e, com o tempo, podem chegar ao ponto em que as pessoas podem considerar toleráveis suas consequências. A única maneira de ter o fim da pandemia é erradicar o vírus, porém, dado  que a variante Ômicron e o Coronavírus estão infectando os animais selvagens, está claro que não se erradicará”. 

Mas há médicos que sustentam que a Ômicron é o final da pandemia, pergunta o jornal, ao que HANAGE respondeu:

De fato, mas eu não entendo assim. Todos nós estamos ansiosos por dizer isso. A Ômicron está mais perto do final da pandemia, claro, ainda que seja somente porque terá chegado mais tarde. Nos Estados Unidos, temos agora tantos pacientes hospitalizados com nos piores momentos da pandemia. Temos umas 2.000 mortes por dia. A Ômicron está causando uma quantidade astronômica de casos. As consequências provavelmente não serão pequenas: tanto nas enfermidades que causará, como na imunidade que gerará”. 

E para aqueles que defendem a tese de que a pandemia tornar-se-á em breve uma pandemia, HANAGE diz:

Endêmico significa que há um nível estável da enfermidade. Na Espanha, passou-se de 5.000 casos ao dia antes da Ômicron a picos de mais de 130.000. Isso é estabilidade? Isso parece com uma endemia? Não. Isso não quer dizer que nunca se tornará uma endemia, porém pretender que isso já o é é uma das coisas mais estranhas que tenho visto nos últimos dois anos. E já vi muitas coisas estranhas”.

E.T: tivemos no Brasil hoje, segundo os registros oficiais, 1.308 mortes de “Covid” nas últimas 24 horas, e 197.442 novos casos nesse mesmo espaço de tempo.

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