Um anos antes de ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, ALBERT CAMUS havia escrito seu livro “A Queda”, como uma engenhosa forma que ele encontrara para responder às críticas que SARTRE havia feito ao “Homem Revoltado”, livro publicado em 1951. Em “A Queda”, CAMUS, retrata SARTRE na figura de JEAN-BAPTISTE CLAMENCE, “um juiz-penitente”:

Que é um juiz-penitente? Ah! deixei-o intrigado com essa história. Não coloquei nisso malícia alguma, acredite, e posso explicar-me com mais clareza. De certa forma, isso faz mesmo parte das minhas funções. Mas, em primeiro lugar, é necessário expor-lhe um determinado número de fatos que o ajudarão a compreender melhor a minha narrativa”. 

E CAMUS segue com a descrição das características imanentes a um “juiz-penitente”, formado por uma dupla consciência, traduzida pelo sonho de CLAMANCE como juiz de reinar sobre a sociedade através da violência, e seu despertar quando tomou consciência de que isso fazia, quando então busca por uma série de recursos  eliminar aquela consciência. Em “A Queda”, o genial CAMUS analisa como se estabelece e se mantém a relação do juiz com o poder e que riscos estão aí envolvidos.

Não temos até hoje, seja na Literatura, seja no Direito, um estudo mais sério e profundo sobre esse personagem-tipo – o do “juiz-penitente”, não ao menos nos moldes em que foram objeto de estudo alguns personagens-tipo construídos por BALZAC.

Em tempo: CAMUS havia pensado em dar o nome “O juízo final” a esse livro.

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