O leitor com certeza, ao deparar-se com o título dado a esta postagem, não encontrará a princípio uma relação de sentido entre as três palavras: “Esmiuçar”, “Saudade” e “Vacina”. Mas ao tomar conhecimento de que se cuidam das “Palavras do Ano”, escolhidas desde 2019 pelo grupo editorial Porto (que mantém há muitos anos seu conceituadíssimo dicionário da Língua Portuguesa e de outros dicionários indispensáveis, como em especial o de Sinônimos), perceberá essa relação de sentido.

2019 foi o ano da palavra “Esmiuçar”, que, segundo o dicionário “Porto”, tem o sentido de “dividir em pequenas partes; fragmentar, analisar em pormenor”. E, de fato, vivíamos em 2019 um ano em que buscávamos compartimentar o mundo para o poder analisar melhor, quiçá prevendo que o teríamos que fazer mais intensamente logo em seguida.

A palavra do ano de 2020 foi “Saudade”, que, segundo o mesmo dicionário, tem o significado de um “sentimento de mágoa, nostalgia e incompletude, causado pela ausência, desaparecimento, distância ou privação de pessoas, épocas, lugares”, palavra apropositada para a sensação que nos foi imposta pela pandemia, por força da qual vivenciamos em 2020 o isolamento social em grau máximo.

Em 2021 a palavra do ano é “Vacina”, e não poderia ser outra. Afinal, a ciência médica, a braços com a luta contra a pandemia e contra o tempo, encontrou modelos de vacina que puderam ser utilizados em uma situação emergencial. Segundo o dicionário Porto, vacina significa tanto a “substância usada como terapêutica preventiva contra determinada doença”, quanto a própria operação de vacinar, a vacinação.

Em um futuro distante, poderá o cientista social, conhecendo da “Palavra do Ano”, fazer um juízo bastante exato do que se viveu em cada ano.

Quiçá pudéssemos nós, no Brasil e no campo do nosso Direito positivo, adotar a ideia de escolhermos uma palavra que represente cada  ano vivido. Que palavra poderíamos escolher para 2021? A escolha não seria tão fácil, tantos foram os temas com os quais os operadores do Direito lidaram. Sugiro, pois, a palavra “Proporcionalidade”, que traduz bem a importância de ponderarmos os interesses em conflitos que, na sociedade moderna, tornam-se cada vez mais complexos.

 

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