JEAN GENET é um dos maiores escritores franceses, apontado por alguns especialistas como o maior dramaturgo depois de Shakespeare. Lembremos de uma preciosa peça, “O Balcão”, em que GENET escreve sobre os símbolos da “Fé” e da “Justiça”. No segundo quadro da peça, no ambiente de uma sala de tribunal, estão presentes uma mulher, acusado da prática de roubo, um carrasco que a seviciou, e o juiz, que diante da resposta da mulher que, confessando ter roubado, justificou sua conduta dizendo que havia roubado pão porque tinha fome, então, o juiz reflete sobre a sua função e o que a sociedade espera dele:
“Sublime! Função sublime! Terei de julgar tudo isto. Oh, menina, você me reconcilia com o mundo. Juiz! Serei Juiz de seus atos! É de mim que dependem a balança, o equilíbrio. O mundo é uma maçã, corto-a em dois: os bons e os maus. E você aceita, obrigado, você aceita ser má! (De frente para o público.). Estou diante de vós: mãos vazias, bolsos vazios, arranquem a podridão e joguem-na fora! Mas é um ofício penoso. Se cada julgamento fosse pronunciado com seriedade, me custaria a vida. É por isso que estou morto. Vivo nesta região da exata liberdade. Rei dos Infernos, peso os que estão mortos, como eu. Você está morta, como eu”.