Em sua obra mais conhecida, “As palavras e as coisas”, o filósofo francês, MICHEL FOUCAULT analisa a forma como o saber (a episteme) surge e se instalou na sociedade moderna e que caminho percorreu até ali, sustentando que, no século XVI, ocorreu uma importante ruptura, quando o homem, ele próprio, torna-se objeto o singular do saber. FOUCAULT utiliza-se com símbolo dessa ruptura o livro de CERVANTES, “Dom Quixote”. Para FOUCAULT, Quixote busca ler o mundo (a realidade) com o finalidade de demonstrar a verdade que encontrou antes nos livros.
O juiz faz um caminho inverso: ele busca encontrar no processo a verdade que está fora dele, mas com a diferença de que ele, quando lê a verdade no processo, não pôde antes a ter visto fora dele, pois do contrário terá perdido a sua imparcialidade.
Mas há entre o saber do juiz e o de “Dom Quixote” uma identidade, pois que tanto um quanto outro associam palavras e as coisas a que essas palavras representam, buscando sentidos e significados.