Pode ser uma mera coincidência, mas o fato é que após o fracasso de todas as tentativas em se buscar uma terceira via, um candidato, pois, que pudesse disputar com reais chances as eleições presenciais do ano que vem, que pudesse ser intrometer em uma disputa entre BOLSONARO e LULA, os quais, segundo as pesquisas mais confiáveis, dividem em partes quase que idênticas a preferência do eleitorado brasileiro, depois do fracasso em se lançar como candidato um famoso apresentador de televisão, que ao final não “apresentou” para a disputa, o mesmo sucedendo a um governador de um importante estado brasileiro, cujas chances minguaram, depois de tudo isso acontecer é que, curiosamente, boa parte da imprensa, acompanhando um movimento similar de parte da elite econômica, não apenas deixou de apoiar o governo federal, senão que começou a criticá-lo com veemência, como se a política do governo federal não fosse a mesma desde o início desse governo.
A ciência política de há muito analisa fenômenos dessa natureza, em que grupos de interesses querem de algum modo controlar o resultado das eleições, não por meio de fraudes na contagem de votos, mas por meios muito mais engenhosos. Lembremos do aguçado espírito de observação de HANNAH ARENDT, quando afirma:
“Os poucos não podem persuadir a multidão da verdade porque a verdade não pode se tornar objeto de persuasão, e a persuasão é o único modo de lidar com a multidão. Mas enquanto não se pode ensinar à multidão a doutrina da verdade, pode-se, por outro lado, persuadi-la a acreditar em uma opinião, como se essa opinião fosse a verdade”. (“A Dignidade da Política”).