O mercado editorial brasileiro está bastante aquecido, e o que é melhor, com traduções de livros indispensáveis a quem quer literatura de altíssima qualidade.
Pois que acaba de sair o “Diário” dos irmãos EDMOND e JULES GONCOURT, traduzido por Jorge Bastos, pela editora Carambaia. Foi com base nesse “Diário” que JOSUÉ MONTELLO construiu seus maravilhosos “Diário da Manhã”, “Diário da Tarde”, “Diário da Noite Iluminada”, e outros dois, o que bastaria para justificar o interesse do nosso leitor em conhecer a obra que serviu de inspiração ao imortal brasileiro.
Obviamente que o mérito do “Diário” dos irmãos GONCOURT é muito maior, sobretudo por nos revelar o perfil e as idiossincrasias de grandes escritores franceses, com destaque a FLAUBERT, com o qual os irmãos mantinham uma relação de amizade tão próxima quanto crítica.
O “Diário” é recheado de pensamentos que os irmãos recolhiam de suas impressões diárias, como esta por exemplo: “A história é um romance que passou, o romance é a história tal como ela poderia ter sido”. Ou ainda, referindo-se à idolatria de FLAUBERT pelo ritmo na construção de uma frase: “O ritmo é uma preocupação que levamos a muito a sério, mas em Flaubert chega a ser uma idolatria. Para ele, um livro deve ser julgado pela leitura em voz alta”.
Muitas das anotações trazem um tom acre, bastante habitual nos irmãos GONCOURT, como nesta “O enterro de um escritor tem sucesso semelhante ao de um livro”.
Obra de leitura indispensável, portanto.