Assim terminou MARX, em 1873, o prefácio da 2a. edição do primeiro volume de sua imortal obra “O Capital”:
“Para o burguês prático, as contradições inerentes à sociedade capitalista patenteiam-se, de maneira mais contundente, nos vaivéns do ciclo periódico, experimentados pela indústria moderna e que atingem seu ponto culminante com a crise geral. Esta, de novo, se aproxima, embora ainda se encontre nos primeiros estágios; mas, quando tiver o mundo por palco e produzir efeitos mais intensos, fará entrar a dialética mesmo na cabeça daqueles que o bambúrrio transformou em eminentes figuras do novo sacro império prussiano-alemão”.
Malgrado a sempiterna resistência de muitos liberais e neoliberais, as palavras de MARX cada vez mais revelam uma perfeita visão do que o capitalismo viria a produzir. A pandemia só tem feito acelerar os deletérios efeitos sobre os quais MARX advertia. Já é impossível, mesmo aos críticos mais acerbos de MARX, não ver o tamanho da crise social mundial já instalada, com efeitos que se projetam sensivelmente no Brasil.
Com efeito, a imprensa acaba de divulgar que 80% das famílias brasileiras de classe média tiveram considerável queda em sua renda, e que a pandemia tem feito gerar no Brasil um número recorde de desempregados.
As contradições inerentes à sociedade capitalista, como diz MARX, tornar-se-ão cada vez mais patentes, e chegará tempo (cada vez mais próximo, como a pandemia, ela própria, nos faz agora prova) em que não haverá quem possa comprar uma mercadoria. Nesse momento, a equação sob a qual opera o núcleo da capitalismo revelará a sua verdadeira face – e ineficiência.